quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Loucuras necessárias

Existem algumas coisas na vida que não há possibilidade alguma de que você possa explicar, medir ou imaginar. Tudo o que você pensa sobre aquilo está no mínimo fora do real. Você não tem noção alguma até que aconteça. Estar na faculdade é uma delas.
Tudo o que se pensa e se imagina é completamente surreal perto da ação em si. É bem maior. Tão grande que nem que você quisesse não conseguiria imaginar a experiência em si. O primeiro, primeira é sempre um acontecimento único na vida seja ele qual for. O primeiro namorado, a primeira fez que andou de bicicleta, seu primeiro porre, primeiro beijo, primeira relação amorosa. Primeiro por si só já carrega no próprio nome um peso imensamente importante na vida.
Quando nos permitimos viver experiências como essas e ainda mais de maneira tão extrema como decidi viver, tudo que temos a relatar são as mais puras e importantes experiências da vida. Algo que realmente você irá contar para seus filhos, sobrinhos e netos. Cada segundo é algo marcante, acontecimentos dos quais você quer ligar e contar a todos. Desde pegar o ônibus, até a volta para casa.
Chegar ao ponto do ônibus e se dar conta que todos ali estão no mesmo barco que você e talvez até pior. Todos calouros sem o mínimo de ideia do que pode acontecer. As risadas resultantes das gafes cometidas é algo constante. Novatos tendem a fazer isso sempre.
Até gostaria de conseguir palavras para descrever a aula inaugural, mas pelo menos por enquanto não é possível fazê-la. Eu mesma ainda estou apreensiva, e tenho certeza que uma grande maioria também está. É muita coisa para se absorver, até mesmo para os que já se julgavam preparados. Segurei as lágrimas várias e várias vezes durante a tal da aula inaugural com o tema de motivação. Algumas das palavras ditas tocavam minha alma e a aparência de que estava tudo normal que eu havia criado para me proteger se abalava. Não me envergonho disto, sei o quanto tudo aquilo significa para mim.
Na saída uma suposta festa de boas vindas numa república deu a margem que os veteranos necessitavam para o tão temido trote. Até o motorista do ônibus participou da brincadeira mudando o trajeto e deixando todos em um ponto estratégico. Todos ali, sem entender e enfim surgem os primeiros potinhos de tinta. Muitos odiaram, e odeiam, mas para mim sinceramente, você não entra na universidade antes de levar um tão tradicional trote.
Da tinta fomos para os ovos, e logo depois farinha. Alguns tinham que parar os carros para conseguir dinheiro e eu acabei perdendo um pé do tênis. Sentamo-nos no meio da rua. Repetimos algumas frases, recebemos pó de café na cabeça, e mais brincadeiras.
Até achei que perderia a agenda que tinha acabado de receber na faculdade, mas o veterano me devolveu, depois que bebi a dose de pinga que ele tinha me dado. Devolveram os calçados. Uma plaquinha de papelão me “salvou” das brincadeiras mais pesadas que vieram a seguir. E finalmente dois veteranos caíram do céu e aconselhou a mim e a outras meninas que estavam perto deles a irem embora e logo que um deles nos explicou o caminho de volta, tratamos de ir. 
Tudo bem que algumas coisas saíram do planejado como alguns veteranos mesmo disseram. Tudo bem que alguns apelaram e apelaram bonito. Sinceramente, o óleo de cozinha que chegou depois me deixou meio apavorada. Mas não me arrependo. Faria tudo novamente se fosse preciso. Permitir-se viver pequenas grandes loucuras na vida é que a tornam tão especial. São essas pequenas loucuras que te salvam da monotonia, da depressão e do stress. São essas loucuras, sejam elas pequenas ou grandes que fazem a vida fazer tanto sentido. Eu resolvi me permitir, e fazer cada segundo dela valer a pena afinal, é para isso que nasci: para viver.


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Um adeus ao meu casulo

Encontro-me em um momento um tanto confuso da vida. Não perguntem-me como me sinto porque sinceramente não saberia responder. É uma mistura tão sutil de medo e euforia que não sei designar os limites. A olho nú tudo se parece apenas um. Minha vontade e minha independência lado a lado, de mãos dadas, ameaçador não? Sim, medo. Medo é o que eu mais tenho tido nesses últimos dias.
Passei dezoito anos da minha vida certa do que eu sempre quis, e certa do que faria. Nunca tive medo de nada e agora, a uma semana da maior mudança da minha vida, aqui estou eu, encolhida como uma criança  que insiste no monstro do armário.
Muitos já me disseram que o medo é saudável, nos faz ter cautela em nossos atos mas, sinceramente, sufoca. O que eu mais queria nesse momento era ter a certeza, um mapa traçado e cautelosamente medido de cada passo que devo tomar. Mas, eu não tenho. Sou tão mortal e tão frágil quanto todos os outros que já passaram por isso e os que ainda estão por passar.
Queria poder levar tudo comigo, minhas cachorras, amigos e lembranças mas, infelizmente só se é permitido levar bens materiais. Os mais valiosos devem ficar.
Mas de uma coisa ao menos estou certa: nada me fará voltar atrás. Nenhum medo no mundo me fará voltar para o padrão que lutei tanto para sair. Nunca nem ao menos pensarei em voltar e disso sou agradecida. Sempre fui assim, o comum nunca me agradou.
Eu vou. Se vai dar tudo certo, ou se vou quebrar a cara eu não sei mas, afinal, Quem sabe?

O tempo contando o tempo

É incrível como um simples filme, seriado ou matéria jornalística é capaz de tocar o ser humano. Claro que depende sempre muito do ponto de vista e da quantidade de atenção que você está dedicando aquilo que lhe está sendo apresentado. Pois foi isso que me ocorreu hoje. Você alguma vem já parou para pensar em quão instantânea é a vida? Até o tempo que se gasta para pensar é muito e venhamos e convenhamos não é nada agradável colocar na ponta do lápis o que perdemos durante ela. A vida tem preço? Até que ponto se pode pagar por ela? Gastamos tanto tempo na vida trabalhando que é difícil saber se teremos tempo para desfrutar disso. Esperamos tanto por algo e no fim teremos tempo de aproveitá-lo? Ao meu ver, o valor da vida não é perceptível aos olhos humanos. É algo muito além do que se possa imaginar. Não há nada que compre, que se compare ou que descreva. É algo grande, feito de milésimos de segundos que perdemos pensando ou fazendo coisas que não são nem de longe proveitosas para nós.  Esperar um milagre que você nem ao menos sabe se vai acontecer não é a escolha certa, afinal o verdadeiro e único milagre é estar vivo.