terça-feira, 13 de setembro de 2011

O ateísmo nada tem a me oferecer

O ateísmo nada tem a me oferecer.
Ele não me traz conforto ou certeza,
Nele não há nenhum ensinamento ou dever,
Nele não há ilusões de grandeza.
Jamais me disse como devo pensar,
Jamais me trouxe saber ou inspiração,
Ele não me obriga a crer sem duvidar,
Não me ameaça com a eterna punição.
Não torna minha vida mais contente,
É indiferente quando imploro,
Não promete a cura quando estou doente,
E não me traz alento quando eu choro.
Nele não encontro nenhum concelho,
Nenhuma resposta,
Nenhuma indagação,
Ele não me pede para cair de joelhos,
Ou passar a vida pedindo perdão.
Ele não me oferece a tola felicidade de me achar um escolhido entre tanta gente
Ele não me induz a cometer maldades para a glória de um Deus ausente
O ateísmo não me ensina a odiar ou discriminar os diferentes de mim
Não proíbe os iguais de amar
Não me diz o que é bom ou ruim
Não me diz que a vida vale a pena
O ateísmo nada me oferece, é verdade
Mas como a realidade me basta e só quero viver o que sou
Então o ateísmo me oferece tudo
Tudo que um dia a religião me roubou. 
Ricard Coughlan



sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Inconstante


E como se alguém realmente se importasse, todos viram-se tentando demostrar preocupação. Ela não estava bem, sabia que não, mas, apesar de tudo e de todos sorria e negava friamente a sua realidade. Talvez houvesse possibilidades de ser diferente, mas isso ficou para traz, muito atrás. Sem saber quanto tempo faz. Ela sempre soube de pouquíssima coisa. Só se lembra que era uma quarta feira, uma quarta feira bem quente. As vezes ela queria apagar aquela tarde da memória, e de vez em quando pensa que foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. É tudo tão incerto e irreal. Uma única chance, era só isso que ela precisava. Ele não segue padrões e talvez por isso seja tão irresistível. E as coincidências brotam por todas as arestas como um campo minado de dúvidas. A razão já não basta, necessita-se de voar. Ir mais além, ou pelo menos até onde possa se pisar em terra firme. E talvez seja o que ela sempre quis, ou quem sabe só mais um terrível engano. Ela não se importa, está acostumada a isso. Todos encontram, menos ela. Com o passar do tempo, aprendeu a lidar com isso e passou a ver como uma sorte gigantesca. Talvez não seja bem isso, muito provavelmente não é. Fechando-se para o mundo e seus tantos relacionamentos como forma de se proteger de novos tombos. Seus joelhos estão feridos demais para outros, seus joelhos e seu coração. O que ela menos precisa é de dúvidas, e ironicamente é o que ela mais tem. Talvez ela não mereça ele de verdade, ela não é a metade das garotas lindas de corpo escultural que estão sempre por perto.  Mas se ela se enganar e a realidade for o sonho e vice e versa. Quem sabe ele não se lembre dela todos os dias em diferentes momentos, de forma inconsciente. Talvez ele fale dela para os amigos, mas quem sabe se é durante as piadas ou realmente contando algo real. E quem saber apesar dos pesares o tudo seja nada, e o nada se torne um mundo.