sábado, 24 de dezembro de 2011

Nada respeitável porém publico

Mas então o que era palhaço se torna malabarista e sua platéia interior nunca esteve tão presente. As gargalhadas são muito mais verdadeiras do que as piadas inventadas que na verdade não passam de mentiras. Mentiras que devem ter no mínimo o dobro do tamanho do motivo que as gerarão. Mentiras tão lindas quanto a contorcionista. Lindas e tão bem treinadas, tão treinadas. Porém só se é perfeito, uma vez. E tudo que foi inventado ou adicionado se torna torto, desarmoniza. E ele se quer sonharia que a surpresa do mágico seria da origem. O responsável por domar e controlar o leão não era ele, e sim o pobre pipoqueiro. Pipoqueiro que tinha no mínimo quatro anos a mais do que dissera ter. Quatro são apenas quatro, essa gigantesca quantidade, que tem o tamanho da lona, que cobre o picadeiro. Foi o pipoqueiro que ficou horas observando a tenda ser montada, mesmo que de longe, quietinho, como se realmente fizesse apenas o trabalho. Por mais que pareça concreto nada nasceu assim. Tudo foi pensado, pintado, maquiado. Os figurinos são feitos especialmente para aquele número em questão. Todos sabemos que o táxi maluco vai causar uma explosão de grande barulho a qualquer momento, porém ainda nos assustamos. Susto esse que não vai muito além da corda bamba. Equilibre-se e respire muito fundo, todos estão esperando pelo seu tombo mesmo que exista uma rede de proteção poucos metros abaixo. O malabarista entra em cena, e sem que muitos percebam ele já está no controle. Aguardando friamente o rugido do leão. Como o pipoqueiro que viu tudo criar forma, o malabarista sabe muito bem aonde o elefante irá pisar.