quarta-feira, 21 de novembro de 2012

"Talvez eu sempre faça a coisa errada
Um furacão pra mim é quase nada
De todos os desastres que eu podia
Eu escolhi você (...)
Exatamente quando eu não queria
Eu conheci você
Eu não sei por quê"

Capital Incial

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A porta está aberta, mas toque a campainha

O por mais idiota que isso possa soar tudo o que eu queria nesse momento era você aqui. Queria poder te olhar nos olhos novamente e fingir que tudo era como eu sempre quis. Felicidade eterna, riso sem motivo. Alegria do meu ser, porque foste pra tão longe? Fugiu-se de mim, desapareceu. Perdi-me ao tentar te reencontrar e continuo a me perder. Eu sempre olho para o lado errado, não importa como, é sempre um erro. Talvez o problema venha de muito mais distante e eu nunca percebi. Te quero aqui, do meu lado, dividindo a cama de solteiro como se só isso bastasse pra vida toda. Preciso de ti pra cuidar de mim, dizer pra eu beber menos, festar menos, alguém que puxe as minhas rédeas e não me deixe cair. Você era meu lar, meu porto. Meu ponto de força no meio da escuridão. Me tirou do chão, me ensinou a sacudir a poeira. Perco meus dias por me fazer acreditar que está voltando, lentamente. Talvez em outra pessoa, muito provavelmente de um jeito completamente diferente mas, eu realmente preciso. Preciso que isso venha, seja uma pessoa, um sentimento, ou uma pessoa com sentimentos. Talvez eu tenha aprendido que a dor é constante e quase me esqueci de sorrir mas, minha alma pede por luz. Tenho de ter paz, longe ou perto, agora. Posso ter perdido a razão mas sei que algo ainda é certo. Meu forte, salvação. Talvez seja a única coisa que torna todo e qualquer ser humano, verdadeiramente humano. Sentimentos, doces raridades mundanas. Vem que eu espero, diga se vem.


terça-feira, 13 de novembro de 2012

Luar

E talvez seja isso mesmo, um monte de nada. A felicidade é um estado de espírito completamente dependente de um auxiliar. É apenas um monte de momentos, eles sempre acabam. A tristeza não, essa sim é constante. Para de arder quando a felicidade chega e inunda os olhos mas não ela passa disso. Felicidade não dura sequer alguns dias, não há garantia de boas risadas. Não podemos esperar momentos que vão ser eternos, não podemos esperar exatamente nada. Essa insanidade completa, constante, não se controla na solidão. Tristeza e loucura, nada poderia ser tão perigosos. Insanidade, falta de plena noção. Você apenas quer ficar dançando e implora para que não desliguem a música mas o canto dos pássaros do amanhecer não aceita concorrência. E por mais que você queria algo, aquilo perde o sentido quando você percebe que é a única a acreditar nessa ideia. E então perde-se em pensamentos aleatórios que não fazem sentido algum. E virão músicas e outra latinha de cerveja, pesquisas inúteis, seriados e nada vai mudar. Continua a pedir por vida, gritar pra ser mais exata. A chuva pra fazer companhia e seu canto triste se une com o meu. Coisas que só acontecem na madrugada e pouquíssimas pessoas podem vivenciá-las. Eu quero o máximo que eu puder. Quero o néctar da flor mais alta, comer do fruto mais raro. Quero viver o que eu puder sempre que possível. Vou aonde for possível for a pé, e a partir dali voo, eu sei que certamente irei cair mas eu preciso tentar. 


domingo, 11 de novembro de 2012

Despertar

Era bem mais feliz do que imaginava. Já era de décadas que chorava uma tristeza sem fim. Parou finalmente ao espelho e só então respirou. Já se passava tanto tempo que corria, acabou por perder o sentido do tempo. Agora, as paredes desapareceram. Ao seu redor, relva molhada com aroma de alegria. Doce textura e paz era enviada direto para  o peito. Não se pode decifrar exatamente o que foi que se passou naquela tarde chuvosa de primavera. O tempo podia estar cinza, mas era de uma luz incandescente. As gotas de chuva soavam agora como melodia e apenas não percebera o que aconteceu. Foi tanto tempo fugindo que havia se esquecido de como era olhar pra trás. Não teve muito tempo para perceber e observar a mudança. Tudo foi tão instantâneo, impulsivo, incontrolável. Levou-a sem que pudesse pensar o que estava acontecendo. Era amigável, amoroso, incrivelmente atencioso. Acabara de cumprimentá-la mesmo que estivesse chovendo e isso lhe custasse algumas gotas a mais em seu paletó. Sorria como alguém que vivesse disso. Vivesse apenas e exclusivamente para sorrir e despertar nas pessoas a sede pela felicidade. Cerca de cinco minutos depois que percebia a cena em questão. Os dois, parados a porta ainda sem entrar; Trocando olhares como se todos seus problemas haviam sido solucionados. "Mas que bela donzela esta, no peitoril da porta ainda esperando por uma atenção. Talvez nem fosse rabugenta mas inspirava frieza a quarteirões". Jasper nunca avia a visto pela cidade, sem dúvidas havia viajado por meses. Ele que nunca foi de reparar, sorriu-se com o estalo que ela fizera em sua mente. Ela que nunca foi de acreditar, surpreendeu-se em como aquele singelo sorriso a cativava. E ainda ficaram parados ali por mais alguns minutos. Ele gritava para si mesmo que a convidasse para um café. Ela pensava em como poderia ser as coisas de agora em diante. Então algo os puxou de volta a realidade: um senhor pedia licença. Ele cedeu, ela aceitou. Daquele momento em diante não ouve eu. O frio acabou, solidão se extinguiu. Estava completa como sempre sonhara, já ele, feliz como quem ouve uma sinfonia. Foi ali que o sopro de vida chegou aos seus corpos, daquele exato momento em diante, pra sempre.




sábado, 10 de novembro de 2012

Bohemian

Sentava-se no mesmo balcão pontualmente as dez da noite de todos os dias. Com a mão ainda dentro das luvas pedia ao garçom um licor para começar a noite. Esperava. As luzes acendiam e apagavam impiedosamente no mesmo horário. Era quase uma religião. Os dias passavam um a um sem que muito se notasse, tal como as horas que traziam consigo outra e mais outra dose de whisky. Vez ou outra um cavalheiro sem muita gala arriscava-se a se sentar ao lado daqueles longos cabelos pretos e olhar frio: "E aqui estamos nós novamente", pensava em silêncio enquanto fingia rir e se interessar por cada bobagem que seu novo acompanhante dizia. Anna, Manuela, Vicentina, dependia muito do dia e do clima. Nunca tivera um nome fixo, tal como endereço e telefone. Quando possível acendia um ou dois cigarros, um a traz do outro, e fumava como quem tenta sugar uma alma. Sua vida não era fixa o suficiente. Pulava de galho em galho como um cachorro procurando comida em um saco de lixo. E assim era sua vida, triste como uma sinfonia de poucas notas, calada que só. Volta e meia até se brindava em sair com um dos carentes que lhe pagara os drinks da noite. Do bar para alguma outra casa desconhecida, bem as altas da noite. Nunca se preocupou muito com horários. Na vida que ela mesma lhe dera não se fazia necessário. Tão vazia quanto os copos que deixava esparramados pelo balcão. Parecia parada no tempo, estática. Jogada a casualidade da sorte. Quem sabe um dia. Não se sabia o que fazia no restante da noite, a única certeza era o bar. Velho e querido companheiro de longas e tristes jornadas. A banqueta ao lado do balcão já parecia lhe pertencer. Tantos e tantos anos jogada naquele mesmo canto como um mendigo esperando por um pão. Ela sem dúvida pedia por algo, algo totalmente diferente do que havia tido em toda sua vida. Implorava para que pudesse sentir algo, um calor, nem se fosse uma leve chama dentro de seu gélido peito. Olhava fielmente o mesmo ponto do bar: a janela. Era de lá que podia ver e imagina como seria a tal da felicidade. Esperava sem pressa alguma o dia em que aquele moço atravessaria a rua para levá-la, para um lugar do qual nunca deveria ter saído. 


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Bucolismo

É o mais simples e perfeito dos prazeres. Corremos e sufocamos cada centímetro de vida que parecemos tentar salvar uma vida. Quem dera eu pudesse dizer que não é a nossa vida a qual tentamos impiedosamente salvar cada segundo. Complicamos os sorrisos, esquecemos os caminhos, dificultamos as escolhas, culpamos por motivos pifeis. Corremos para nos esconder de brisas de primavera atrás de grandes rochas pontiagudas. Perdemos vidas inteiras olhando pro nada. Tudo bem que o ser humano é incompleto, mas não precisava ser tão bobo. Merecíamos ao menos o mínimo de inteligência adquirida de nascença, pelo menos o suficiente pra entender que é na simplicidade que nos encontramos. É nos menores detalhes que motivamos a articulação das bochechas nomeada de sorriso que ilustra perfeitamente a paz que inunda o ser. É um bater de asas, primeiro passinho de um bebê. Começo de uma vida, o seu segundo nascimento. Olhe em volta, sinta o cheiro que o próprio ar te trouxe. Observe as gotas de chuva não só com os olhares mas com a alma que grita silenciosamente por socorro atrás da muralha que erguemos. Vestimos nossas armaduras sem que houvesse tempo para que percebêssemos. Levaram nossa pequenitude, delicadeza. Aquela gota de detalhe que salva tudo em que toca. É a doce utopia da felicidade, sorriso na alma, sentimento que ultrapassa os hormônios e liberta-se em um sorriso. É libertador, doce, encanto intranscedente. A perfeição e meta de qualquer um. O simples e clichê "Ser feliz" não nasce por conta própria. É calculado, resolvido, vem sempre sob medida mas, se há uma maneira ao menos de se chegar a esse caminho é descalço. Descalço como uma criança que ainda tem o mundo todo para descobrir. Colocar o pé na terra, sem seus tênis de marca ou sandálias da ultima moda. Jogando fora os chinelos desgastados e as sandálias surradas. Nem se quer se preocupe em procurar o scarpin perfeito que ironicamente irá te causar bolhas e dores no dia seguinte. Só se prepare pro sabor, aproveite o que puder ao máximo possível. Arranque o que te segura e vai, sem olhar pra trás, sem pensar, só sentir. Tira a muralha que te separa de tua alegria. A verdadeira felicidade só se alcança descalço.