segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Queda livre

E quanto mais você tenta se conectar mais distante as coisas ficam. Algumas solidões são bem mais insolúveis que as outras. Clarice já se deparou sozinha no meio de um dúzia de amigos por bem mais que uma vez. Sentia quase sempre a aflição de ser ausente. Uma sensação improvável que atordoa qualquer um dos sentimentos. Porque tinha que ser assim? Quanto mais saudade sentia mais longe ficava e muito mais demoraria até que o fim chegasse. Era raso e úmido, pouco mais poderia se concluir sobre aquele local. Tão apertado quanto um armário no fim do corredor. É muito mais complicado do que poderia ser. Ela sempre procurou ajuda aqui por perto mas, em poucas vezes chegou a encontrar. É um pouco daquilo tudo que não se pode ser feito ou se quer resolvido. É amargo e nunca fez nenhum bem a sociedade. Mas era algo que fazia parte dela, um azar que vinha do berço. Carregava consigo essa maldição em depender de tudo que não poderia. E, principalmente, de pessoas. Se preocupava mais com os outros do que com si mesma, e se perdia, constantemente em cuidar dos outros. O mais estranho, entretanto era o como não conseguia decidir se amava ou odiava seu pequeno dom torto. No fim das contas, não fazia nada muito além de amar demasiadamente. Amava tanto que sofria cada um dos minutos que perdia. Sofria por todo o tempo em que não podia estar junto, perdera outros dos minutos mais especiais de sua vida. Se arrependia décadas antes de concretizar o tal feito. Gostava de se sentir errada para poder entender sua alegria.