segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Sobre percas e ganhos

E quando eu vi já não era mais uma cilada, estava mais pra emboscada, aquele velho e conhecido caminho sem volta. Quando dei por mim eu já não pertencia, esperava complacente pelos meus dias, apenas e exclusivamente para que pudesse passá-los com você. E quando fiz as contas, perdi o controle. Passaram as taxas, sobrou multiplicações e faltava companhia. E quando eu quis voltar, você me deu outros dez motivos pra continuar. Eu queria olhar pela janela e ver algo além de um horizonte verde reluzente. Eu queria ser mais segura, e me pertencer antes de me doar aos outros. Eu queria um tempo pra mim, alguns meses onde minha vida seria minha e nada caberia nela a não ser a minha felicidade. E quando dei por mim, tudo o que me deixava feliz estava reunido em um único ponto. Meu ponto fraco. Eu nunca imaginaria me perder de novo por um caminho tão diferente. Eu não quero ir por aí. Não trouxe botas para trilha. E quando eu pensei em parar, a queda já era livre, e tudo que eu podia sentir é o quanto me arrependia de ter te conhecido. Quando eu percebi já tinha ciúmes, encrenca, dependência. Você já era o meu dono e mal tínhamos acertado o preço. Eu me vendi sem perceber, e não há nada de saudável nisso. Troquei minha paz por companhia e por mais que eu tente me odiar por isso sei que eu nunca me perdoaria se tivesse me privado dessa bobeira de tentar ser feliz.