quinta-feira, 6 de agosto de 2015

#QueridaEuMesma

Eu sei que é uma campanha do Youtube mas eu não sou vlogger. Também sei que foi uma tag em comemoração ao dia da mulher que foi cinco meses atrás mas, e daí? Hoje eu tô meio nostálgica então vamos dar um jeito nisso pra poder dormir. 

Oi pequena Jôicy, não se assuste, 2005 deve estar sendo um ano muito doido mesmo mas as coisas sempre serão intensas assim na sua vida, e não se preocupe com isso porque não tem nada de ruim. Por favor não largue o xadrez, o campeonato regional foi massa mas é um hobby bom demais pra deixar no passado. Se dedique mais as artes plásticas. Eu sei que é algo caro e provavelmente sua mãe estará te pressionando muito pra parar mas vai levando que dá, você vai sentir muita falta dele daqui a dez anos. Aproveite mais a viagem pra Foz, e tire mais fotos! Não tem problema que você vai sair gorda nelas porque a verdade é que você é gorda e ainda vai demorar uma década pra você aprender que isso não é tão ruim assim. Se dedique mais a natação, você se acostuma com o cansaço depois de uns 4 meses. Mantenha seus estudos, eles vão te dar bons frutos depois. Sim, Clarice Lispector é ótima e os livros dela são um melhor que o outro. Não, gostar de ler não é algo de gente anti-social, inclusive a leitura vai te trazer amigos excelentes, reais ou não. Aproveite mais seu tempo, logo logo ele vai ficar escasso. Não gaste seu tempo e pouco dinheiro com a arquitetura, você vai descobrir a publicidade e vai se apaixonar por ela de uma forma linda. Inclusive, aprenda a mexer com o photoshop, eu sei que agora você acredita que é só algo feito pra plastificar a vida real mas ele não é tão vilão assim e vai ser muito útil pra você daqui a algum tempo. Você vai se apaixonar por tantas coisas lindas que nem vai caber em um texto. Não delete seu orkut, logo ele vai acabar e você vai sentir uma falta imensa das coisas que perdeu nele. Se puder aprenda a jogar RPG, é muito legal e seus amigos jogam, mesmo que você ainda não saiba disso. Esqueça esses seus pensamentos pesados, a vida é difícil mas sabe ser bonita, você só precisa relaxar e apreciar o passeio. Eu sei que agora você deve estar desanimada mas esse lugar que você está indo vai tomar quatro anos da sua vida, não se deixe perder por lá porque isso vai passar e vai te ensinar muita coisa. Se acalma, você vai passar no vestibular sim e sim, a faculdade vai ser igualsinha o american pie. Não trabalhe no primeiro ano de faculdade, você vai perder coisas que nenhum dinheiro no mundo pagaria. Você vai achar que conheceu o amor mas ele vai tentar te derrubar de novo e depois você vai conhecê-lo de verdade. Quando ele chegar você vai saber que é de verdade e não tenha medo, não pense que é coisa da sua cabeça porque nessa onda de "será?" você vai perder mais ou menos seis meses de um relacionamento lindo. Acredite na sua vontade de ficar ruiva, inclusive acredite em tudo que você quiser. Desista da religião,  você ainda vai perder mais uns 3 anos tentando provar pra si mesma algo que você sabe que não existe. 
Sua cabeça vai se abrir pro universo de uma forma muito doida mas fica tranquila, não é porque as outras pessoas não são assim que isso é ruim, não se importe com o que ninguém pensa.
Não escute sua mãe quando ela estiver te cobrando ou te impedindo de fazer algo.
Vai parecer que você não merece e mais um monte de coisa ruim mas fica tranquila, segura firme porque vai valer muito a pena.
Vai demorar dez anos pra você se tornar eu mas saiba que eu já tenho muito orgulho de você.

Daqui a uma década a gente se vê :*



sexta-feira, 3 de julho de 2015

Sobre tudo que eu precisei fazer caber na mala

Inspira, respira, não pira!
Chore enquanto houver lágrimas, estas nunca acabam. 
Pense mais nas lembranças boas, elas são a única coisa que vão lhe restar. 
Não perca tempo lidando com a ausência porque essa vai estar o tempo todo, e vai crescer, e não há absolutamente nada que você possa fazer. 
Esse é o resumo da vida: viva o suficiente para guardar em algumas caixas. 
Aprenda a se despedir, isso sempre será a coisa mais difícil que você vai ter que fazer.
Não se lamente com a saudade de pessoas que não sintam a mesma falta de você. 
Não dependa ou prenda seus sonhos a ninguém, nem você é dono de verdade deles. Lembre-se que você é humano e um dia você vai morrer e tudo vai ser mais uma história. Pense nisso para escrever capítulos que valham a pena. 
Não se arrependa, nunca, de nada. Suas escolhas e consequências correspondem ao que você era naquele momento, cada segundo de vida nos ensina algo e nos muda de alguma forma. 
Viva cada dia focado em se tornar uma pessoa melhor e consiga enxergar todas as coisas maravilhosas e corações lindos que você conheceu. 
Todo lugar tem sua beleza, logo você vai reconhecê-la onde você estiver. 
A vida não é bonita e feliz o tempo todo, felicidade são feriados em anos de tristezas e é justamente por isso que você precisa supervalorizar tudo que valer a pena. 
Chore pelos motivos certos: pra não afogar o coração. 
Chorar por tristeza pura só chama mais tristeza e eu tenho certeza de que você não irá precisar. 
Pense nas novidades e em tudo que ainda há pra fazer. Todo fim também é um começo, não se afogue amando demais coisas que já passaram.
Infelizmente tudo na vida tem prazo de validade, inclusive eu e você. 
Deixe menos espaço pra lamentação mas não se martirize se a saudade quiser escorrer pelos seus olhos. 
Tudo dura tempo suficiente para ser inesquecível.
Outros dias bonitos virão.
Espero que você se lembre que você construiu coisas que não são destruídas com o tempo, e que você ainda terá seus amigos onde quer que você esteja.
Mantenha-se forte, os outros precisam tanto de você agora quanto você deles.
Inspira pra ter força, respira pra manter o foco,
não pira, por favor.




quarta-feira, 18 de março de 2015

Querido Diário

Eu sei que está meio tarde e que já faz um tempo mas, tem mais algumas coisas que eu gostaria de contar. É que meio recentemente algumas alegrias se tornaram reais e eu, que pouco estou acostumada a sorrir ainda não entendi como é que funciona. É bem isso mesmo, eu não sei como lidar. Eu ainda não tinha tido a oportunidade e ver tanta alegria bem na minha cara. Pouco sabia sobre esse terreno areoso de felicidade que o mundo prega por aí. Sim, o clima aqui está ótimo depois de algumas pancadas de chuvas durante a noite passada. Ainda é verão mas os pássaros são otimistas e já cantam algumas canções de outono. Muita coisa ainda está empilhada e algumas caixas me impedem de abrir a porta. A mudança chegou à dois dias mas eu ainda não abri nenhuma bagagem. Sinto como se precisasse sair em breve. Como eu já disse, é difícil acreditar quando as coisas dão certo. Os horários parecem voar e eu sinto como se tivesse perdido completamente o controle de tudo. Essa é uma das sensações mais sem lógica que eu já tive, já que minha vida está circulando perfeitamente dentro do meu cronograma, como um relógio cronometrado. Em algumas horas o sol virá a raiar e mais uma vez um limbo de não fazeres se desmanchará em cima de mim. Não hoje, chega por agora. Vou botar essas caixas na rua, talvez tenha algo que sirva pra alguém. Quero acordar de manhã e saber que eu tenho um motivo e que pela primeira vez na vida é um motivo que vale totalmente a pena. 

sábado, 7 de março de 2015

Excesso

O quanto o som se propaga no vazio? Talvez mais do que seja possível de ouvir. Meus tímpanos doem mas não há barulho lá fora. A dor é interna. A falta de espaço em ambas as direções. Sufocamento. Falta ar, falta várias coisas que acabam faltando quando sobra algo. É difícil e matematicamente impossível. Caberia mais esperança se a angustia não ocupasse tanto espaço. Seria mais plausível se fosse físico. É meio sem lógica mesmo, traço torto jogado apenas como desabafo. Falta espaço pra escrever, falta palavras pra falar e conceitos para concretizar esse imerso turbilhão de coisas que acontecem em um período de tempo muito menor do que o aceitável. Falta apenas um cômodo onde não tenha um único ser humano. Um vazio necessário para esvaziar um pouco. É muito barulho, ruídos que nem se eu tivesse pelo menos quatro ouvidos seria possível absorver. Preciso de umas outras duas eus pra catalogar tudo isso. Talvez outras três vidas pra caber só o projeto da minha. 

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Liquidação

E nem se desse pra juntar todas as despedidas que estão espalhadas ao vento, seria possível medi-las. Poesias, poemas, literatura e tristeza. Aquele sopro frio e ausente, geralmente transcrito em versos, em alguns dos cantos do mundo. Pouca imensidão ainda é muita, despedida ainda que seja apenas uma, arde, e arde muito. Eu nunca fui boa nisso. Não sei nem parabenizar pessoas que dirá despedir-me delas. Eu prefiro agir assim mesmo: pega tudo o que tiver e enterra bem fundo numa caixa naquela parte do guarda roupa que você não usa, ou naquela parte do coração onde você não vai. Tranca a porta, joga a chave fora. Nada de bom pode acontecer se você entrar lá. E que venham os contrários para me julgar mas sentir já não é algo tão bom assim, se afogar em faltas é pior ainda. Eu não me despedi. Eu fujo das coisas com frequência. Ah, amanhã. E foi assim que eu acordei e me dei conta que eu não tinha aproveitado aquele momento como deveria. Não é por ser ruim que ele não mereça que eu pague o preço que vale. Eu deveria ter dito algo, algumas poucas palavras provavelmente ensopadas em salgadas lágrimas de alguém que simplesmente não quer ver parte de si ir embora. Sim, isso mesmo, parte de mim. Que me chamem de exagerada quem tiver coragem de dizer que nunca fez de alguém parte de você. Deveria ter ao menos deixado o choro que ainda está na minha garganta sair. Eu deveria ter dito a cada um, separadamente, o quão especial eles são e se tornaram. Eu deveria ter avisado que metade do meu coração morreria e continuaria batendo, com bastante dor, enquanto eu tivesse vida. Quem sabe avisar sobre a saudade, e chorar mais uma vez só pra garantir. Eu deveria ter comemorado um pouco mais, porque como vocês sabem o tempo sempre passa e ele sempre passa rápido demais. Eu não chorei, e hoje me arrependo. Eu não me despedi mas disso eu só me arrependo uma parte cabível, sei que a outra parte de mim agradece afinal, é o fato de ter fugido da dor que eu carrego só um pedacinho, e é apenas e exclusivamente por isso que eu posso sobreviver.


terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Viajante

Mariana tinha o conhecido em alguma das estações anteriores. Talvez em um passeio no bosque ou na fila do supermercado. Queria vê-lo feliz acima de qualquer outra coisa no mundo. Perto e distante, o quão longe se pode estar de algo que você pode ver? Colaria se pudesse, pra nunca mais soltar. Como o espaço se tornou denso, e nenhum do dois conseguiu atravessá-lo, nunca, ela passou a escrever contos leves e mal alinhados onde poderia manter o caderno próximo ao seu peito e tê-lo pela primeira vez dentro de um abraço. Contava todas as histórias mais bonitas já contadas. E ele sempre foi o final mais do que feliz. Era fácil pensar neles juntos, assim como era fácil viver quando ele estava na ponta dos seus dedos. As palavras fizeram companhia a ela por anos. Religiosamente, todos os dias as quatro da tarde. Eram dois biscoitos caseiros de baunilha, uma xícara de chá e meia página de Jimmy. Neste ponto não sei informar se era o nome real do moço, mas era o que ela conseguiu ler, etiquetado em uma de suas malas. Poderia se tratar da marca, ou da coleira do cachorro mas ela sabia que era um bom nome pra aquele sorriso largo. Não se sabe se a tinta acabou, se o papel se rasgou, a história se perdeu. Ninguém nunca perguntou se ela cansou, se separou, ou se simplesmente decidiu que terminara. Era uma certeza tão gasosa que não se assustava pela desconfiança. Era frágil, delicado e indefeso. Protegido por uma distancia meticulosa e fria, solidão. Era frágil, extremamente frágil, tal como outros mil amores  que nasceram em uma estação. 


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Uma

Saudade eu uso no singular, porque sempre foi apenas uma. Aquela falta imensa de um amor que nunca foi bem um amor. É um querer bem, aquele sentimento que a outra pessoa te completa. A ausência de uma parte de você, falta que nada pode preencher. Eu reúno em uma só porque nada no mundo me ajudaria lidar com duas. Saudade é algo que pesa os ombros e ocupa os seus pulmões. Se desse pra plantar provavelmente floresceria mas, sem dúvidas, suas flores seriam mórbidas, com um leve toque de algo que já foi bom algum dia. Se desse pra tirar com certeza todos tirariam mas guardariam em pequenos potes no fundo de alguma caixa. É que por pior que seja, a saudade ajuda a quantificar o amor que sentimos. Quanto maior a falta, maior a saudade e mais amor você entregou a ele. Clarice dizia que saudade é pouco como fome, e só passa quando se come presença. Eu gostaria de ter esse tipo de sentimento. A minha é bem diferente. É que eu coleciono despedidas, então sempre que acalmo a tal saudade, outra coisa a puxa de volta e eu fico vazia em alguma parte, de algum jeito. Já faz parte de mim, pouco posso fazer a não ser aceitá-la. Descarregá-la em versos ou prosas, endereçar à pessoas que não se interessariam. Não culpo ninguém, não há ninguém para culpar. As pessoas possuem suas próprias ausências para lamentar, eu é quem devo aprender a lidar com a minha. Se desse pra esquecer talvez eu esqueceria. Não que eu queira, na verdade é porque preciso. De tudo me falta algo, sempre falta um porém, um a mais, algo que complete a minha vida. Eu sinto falta até mesmo de coisas que nem aconteceram ainda. 


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Sofi

Sinto-me tão próxima da borda. Tão frágil e instável, completamente suspensa. Sinto-me à beira de um precipício, sob uma ponte sem apoio. Qualquer brisa leve que chegar me leva, como se fosse poeira ao vento. Tenho medo de altura. Não que eu já tenha estado em alguma altura que possa ser considerada. À alguns dias que não tenho dormido. Não de maneira fácil. Todo conforto é pouco, todo minuto se passa em horas. Quando me dou conta já amanheceu e você não está do meu lado. O sol já nasceu para iluminar outro dia e eu pouco tenho pra fazer além de contar algumas histórias. Não se pode chorar o leite derramado, tão pouco pode se mudar o rumo da vida. Meus motivos acabaram todos e felizmente não vendem essa mercadoria no supermercado. Eu concordo. Concordo não só por ser verdade mas por ter se tornado a minha verdade, por ter ocupado a minha vida e trocado todas as certezas.


sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Ás cegas

E mais uma vez pouco posso pedir a não ser por socorro. Peço que alguém me salve desse limbo incompreendível que me tira qualquer vontade de viver. O tempo sobra e grita o tempo todo a sua escassez. Minha vida pede por uma urgência que eu não posso providenciar agora. Um tempo que pede mudanças sem que haja tempo para decidir os rumos. É como ser jogada em meio a um tiroteio com os olhos vendados: tudo que você pode fazer é correr. A certeza que você vai tropeçar, ou ser acertada por alguma das balas que cruzam ao seu redor só aumenta a cada passo e então você sente seu corpo gelar lentamente, e o ar lhe faltar os pulmões. É assim que eu me sinto: desesperada. Aflição se acumulou até beirar o desespero. Não tenho tempo algum e me falta paciência para que as decisões sejam tomadas. Sinto como presa em uma areia movediça: quanto mais eu me movo mais eu afundo e consequentemente mais próxima da morte estou. Morte horrível essa de não saber o que fazer com a sua vida. Um turbilhão de ideias e projetos que em voz alta soam apenas como uma brincadeira infantil: inocente e inútil. Sinto como uma criança colocada em cima de um salto alto pela primeira vez: não me movo. Não posso me mover porque certamente vou cair. Essa superfície soa completamente instável e desconhecida. Então é nisso que a vida se baseia? Ok, a partir de amanhã você é uma adulta. Tá, e aí? pra onde eu corro?