quarta-feira, 18 de março de 2015

Querido Diário

Eu sei que está meio tarde e que já faz um tempo mas, tem mais algumas coisas que eu gostaria de contar. É que meio recentemente algumas alegrias se tornaram reais e eu, que pouco estou acostumada a sorrir ainda não entendi como é que funciona. É bem isso mesmo, eu não sei como lidar. Eu ainda não tinha tido a oportunidade e ver tanta alegria bem na minha cara. Pouco sabia sobre esse terreno areoso de felicidade que o mundo prega por aí. Sim, o clima aqui está ótimo depois de algumas pancadas de chuvas durante a noite passada. Ainda é verão mas os pássaros são otimistas e já cantam algumas canções de outono. Muita coisa ainda está empilhada e algumas caixas me impedem de abrir a porta. A mudança chegou à dois dias mas eu ainda não abri nenhuma bagagem. Sinto como se precisasse sair em breve. Como eu já disse, é difícil acreditar quando as coisas dão certo. Os horários parecem voar e eu sinto como se tivesse perdido completamente o controle de tudo. Essa é uma das sensações mais sem lógica que eu já tive, já que minha vida está circulando perfeitamente dentro do meu cronograma, como um relógio cronometrado. Em algumas horas o sol virá a raiar e mais uma vez um limbo de não fazeres se desmanchará em cima de mim. Não hoje, chega por agora. Vou botar essas caixas na rua, talvez tenha algo que sirva pra alguém. Quero acordar de manhã e saber que eu tenho um motivo e que pela primeira vez na vida é um motivo que vale totalmente a pena. 

sábado, 7 de março de 2015

Excesso

O quanto o som se propaga no vazio? Talvez mais do que seja possível de ouvir. Meus tímpanos doem mas não há barulho lá fora. A dor é interna. A falta de espaço em ambas as direções. Sufocamento. Falta ar, falta várias coisas que acabam faltando quando sobra algo. É difícil e matematicamente impossível. Caberia mais esperança se a angustia não ocupasse tanto espaço. Seria mais plausível se fosse físico. É meio sem lógica mesmo, traço torto jogado apenas como desabafo. Falta espaço pra escrever, falta palavras pra falar e conceitos para concretizar esse imerso turbilhão de coisas que acontecem em um período de tempo muito menor do que o aceitável. Falta apenas um cômodo onde não tenha um único ser humano. Um vazio necessário para esvaziar um pouco. É muito barulho, ruídos que nem se eu tivesse pelo menos quatro ouvidos seria possível absorver. Preciso de umas outras duas eus pra catalogar tudo isso. Talvez outras três vidas pra caber só o projeto da minha.