sexta-feira, 24 de março de 2017

10:41pm

Eu poderia tentar descrever este momento, mas isso não será possível.
Ele não me pertence, nem nada nunca me pertenceu.
Neste momento, eu sou só leveza ao vento. Eu sou isso, sou esse agora.
Sinto a brisa de outono pela janela, e gostaria que ela me ajudasse a ser este momento.

Tudo o que eu era, tudo o que é agora. Tudo.
É vazio demais pra carregar. É sozinho demais para se estar.
Leve vento.
Leve-me, lave-me, vá.
Tire isso daqui, abra a porta para que possa sair.
Quero ser o vento, sair pela janela, voar.
Estar leve, ser algo.
Voltar a controlar a quantidade mínima de sanidade necessária.
Respira.
O ar me pertence, este momento não.

domingo, 19 de março de 2017

Um.

Primeiro.
Na verdade eu nem organizei realmente o que gostaria de escrever aqui. Tal como quase todos os demais textos, esse é só mais um pedido de socorro, Uma súplica sobre as coisas que não podem ser controladas.
Completou-se um.
O primeiro conjunto de 356 dias, vazios.
Claro que eu já tive dias piores mas, o meu verdadeiro problema está em que eu não faço mais ideia do que é ter um dia bom.
Sexta feira eu até achei que havia tido um dia bom, mas não. Foi um dia mais leve, mas nunca deixou de ser vazio e complicado. Me falta tanta coisa desde que você saiu. Não faço ideia de onde encontrar esse ponto final pelo qual minha alma suplica. Nossos problemas nunca foram nossos, não era a gente. Não tivemos a chance de sermos o que éramos pra ser e, de alguma forma, eu tenho certeza de que seríamos ótimos.
Muito além de tudo que passamos juntos e imaginamos ser felicidade.
Eu já havia decorado a cor da minha vida com você, e o problema é que não existe nenhuma mais bonita..
Não quero que você volte, isso é verdade, mas a questão é que eu nunca mais fui algo depois de tudo. Eu não posso simplesmente voltar para o que era antes de te conhecer. Não posso apagar nossos sorrisos e todo o bem que você me fez. Estou completamente condenada a viver com essas memórias.
Algumas pessoas podem se perguntar: "como você pode ter tanta certeza?" e a questão é que a gente sabe. O que nós eramos juntos, longe de qualquer imbecilidade externa, era melhor do que tudo que ainda existe, e funcionava sim, de uma maneira musical.
E quanto mais socorro eu peço e mais me afasto do vazio, e mais sozinha eu me deparo.
Chorando, jogada no chão da cozinha às três da manhã.

...
O telefone poderia tocar pra me tirar desse limbo.
Talvez alguém pudesse bater à porta...
Mas não.
Ele não vai tocar, nada pode me tirar daqui.
Como em uma areia movediça, tudo o que posso fazer é ficar imóvel, e aproveitar cada segundo que me ainda me resta de oxigênio,