sexta-feira, 9 de maio de 2014

Ditadura do caos

Ensurdecedora e incansável, narra nossas vidas elevadas no último pico do sufoco. Inquieta e desespera, aflige os corações mais improváveis. Te tira de ti, sai de você, perca total do eu. Maneira de sub viver uma vida em lenta e eterna sensação de afogamento. Não posso dormir. Não quero dormir. Minha alma não pára, não há porque parar. Cada segundo em últimas consequências. Topo de montanha, queda de cachoeira. Montanha russa, roda gigante. Sufoco. A certeza de que nada está sob o seu controle, e não há nada que você possa fazer para controlar. Arranca tuas pernas, rouba seu chão. Queda livre, livremente. Você sabe como é um frio na barriga? Pois é, eu até que gostava de frio. Cegueira inalcançável, incurável e indecifrável. Você não escolhe o caos, não é uma opção. É apenas um conjunto de erros tão acumulados que toma toda a sua vida, decisões. É uma bola de neve que obstrui a traqueia, sufoca lentamente, delicada como quem não quer quebrar a unha. E quando você percebe não estar morta é ai que toda a dor toma o seu peito e aflige o pouco espaço que sobrou. É apenas um infinito e úmido escuro. Lugar nenhum sem nada. Não tem barulho ou pessoas, nada que você possa reconhecer. Nada além de um sofá encardido, você e todo esse seu caos.