quinta-feira, 28 de abril de 2011

Colhi centeio

 E colhi mesmo, muito centeio. Sabem quando você acha que tem tudo sob controle e vem algo do nada e muda tudo? Você se perde se vê sem chão e finalmente concluí que realmente não sabia de nada. Assim me vejo, após terminar a obra “O apanhador no campo de centeio” de Jerome David Salinger. Não sei descrever ao certo o que esse livro causou em minha vida mas sem dúvidas mudou, e muito. Holden Caulfield, não possui nenhum traço, estereótipo, ou qualquer coisa do gênero que um digno personagem principal deveria ter, o que não diminui nem de longe sua grandiosidade. Holden passa toda a obra se dando mal, e ainda por cima sozinho. Não possui absolutamente nada dos comuns salvadores detentores de toda a força da história. Além disso, possui características de qualquer adolescente: incertezas, revoltas e até o comportamento boêmio com apenas 16 anos. Salinger foi sem dúvida iluminado quando criou esse romance. Holden, o narrador observador, com características tão comuns se torna a cada página mais humano, e próximo do leitor. Passamos a presenciar os fatos e melhor ainda, com a mesma intensidade que deveriam ter na realidade. O carinho pela irmã, a dor da perca do irmão, o medo da decepção dos pais, a morte do colega de classe, o problema com os estudos, vícios... O apanhador no campo de centeio não deixa nada sobrando, cabe perfeitamente onde achar necessário coloca-lo. A linguagem é simples, e aumenta a cada linha, a sensação de proximidade com a obra, a ponto de sentirmos que Holden é um amigo de infância, e está contando tudo em um domingo ensolarado no barzinho da esquina. Sinceramente, ele é merecedor de todo o sucesso atribuído a ele antes mesmo de ser lançado. Até seu ponto final é perfeito, o livro todo parece até um projeto arquitetônico, sério mesmo. E eu continuarei aqui, no banco do parque, observando Phoebe no carrossel, até que pelo menos um de seus tantos contos sejam publicados e espero sinceramente que Holden ajude todos que precisarem a não cair no abismo, brincando no campo de centeio.