quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

256 páginas

Eu li um livro. Um livro de capa escura com dois olhos bem marcados em cada extremidade da capa. Um tempo atrás eu vi um filme que levava o mesmo nome mas pensando bem eles não se parecem nem um pouco. Mas a história não importa e não muda nenhuma linha do que eu realmente quero que saia por aqui. O ponto é meu amigo Patrick. Pat foi diagnosticado com transtorno bipolar derivado de uma depressão. Ele se perdeu no tempo e nos acontecimentos de sua vida. Em sua cabeça ele esteve internado por 8 meses mas, na verdade, foram mais de 4 anos. E nenhum detalhe dessa história teria feito qualquer sentido se eu não estivesse tão próxima de Pat. Sinto como se tivéssemos nos conhecido no jardim de infância e como se viéssemos a muito tempo caminhando juntos. Eu já estive onde ele está. Claro que de uma forma completamente diferente mas segue os mesmo padrões. Ao contrário dele, eu nunca falei muito disso pra ninguém e nem ao menos minha mãe sabe ao certo. Depressão autodestrutiva avançada. Doses duplas de quetiapina e sertalina todos os dias. Não, você não vai entender do que eu estou falando ao menos que você também já tenha estado do lado de cá da ponte. É, é um assunto realmente sério e as poucas pessoas que sabem disso sabem pouco demais. Foi doloroso e cansativo e eu ainda não faço ideia de como saí de lá. Eu me lembro das sessões semanais e das muitas receitas azuis que minha mãe tinha que levar a farmácia. Me lembro das minhas pernas machucadas e me lembro de não saber nem por um segundo como tudo aquilo estava acontecendo, comigo. É tão desesperador quanto parece. Crises de pânico e de choro por todos os motivos e não motivos existentes. É sufocante e ainda me dá náuseas mas eu realmente precisava deixar isso sair. Eu entendo Patrick e sei que ele me entende porque há algo de honesto nesse tipo de relacionamento. Não existe motivos para que você se sinta desconfortável com tudo isso. Eu não me viciei em exercícios ou comecei a tentar ser gentil ao invés de ter razão, eu apenas decidi não me deixar ficar triste nunca mais porque ficar triste me levava de volta aquele lugar ruim. Eu não tive crises explosivas e nunca espanquei alguém mas eu sei como é sentir aquele frio na alma e perder completamente a noção de o que é vida.Você nunca mais será livre. Todos os seus dias você lutará contra você mesmo para que não se perca e poucas pessoas no mundo conseguiram olhar pra você da maneira que você merece.