segunda-feira, 11 de junho de 2012

Companhia

Doce libertação de desenhar. Dar a livres traços posicionados a felicidade de representar. Leve e delicado, descontando a raiva, rabiscando. Cheios de cor ou de cinza, escapam pelos dedos como doce terapia. Trazem forma, sentido, dão sentido ao que não tinha forma. É presente, visível. Interpretação do imaginário. Desespero de gritos silenciosos que a alma moldou perfeitamente. Não é dominável, é dominante. Impulso que chega no inesperado, acontece sem ter que acontecer. É limpo, leve, sem maldade alguma. Carrega personalidade basicamente como deve ser. Todos têm seu estilo, sua vocação. Dar cores de vida a coisas da imaginação. São riscos verdes, quadrados amarelos. Sorrisos, flores, doces e pesadelos. Pessoas marcantes ou ilustrações flutuantes. Fazendo pose, marcando a história. Registra a vida em todas as suas evoluções e simplificações. É prazer pessoal, alegria do ser, é exemplificação de você tomando conta de si mesmo. Como a alma purifica o cérebro, e o coração purifica o corpo. Doce aventura que não se necessita de quase nada. É só papel e lápis, grafite ou tinta e pronto, livre estaremos. Como quem carimba um passaporte para ir a outro país, em outro mundo. Outra realidade onde os traços são mais precisos, e a vida mais colorida. É mais fácil ser feliz ou acreditar em algum sonho. Utopia constante, expressa nos cotovelos marcados de quem passou toda a sua infância criando histórias onde tudo era branco. Libertar a alma, trazer a liberdade por entre linhas, riscos e pontos. Símbolos e retas. Solitários preenchendo o nosso próprio vazio. Não é saber, é gostar. Traz da alma em cores, alívio e companhia. E assim sucessivelmente até que as folhas terminem ou que a imaginação se apague.