Os leitores que me desculpem mas eu preciso escrever. Me perdoem mesmo, eu sei que muitos não gostam de política ou não estão nem aí pra minha pequena e amada cidade. Mas eu preciso gritar, gritar mais do que já gritei nas ruas, gritar para todo o planeta ouvir, gritar pra tirar de dentro de mim toda essa pressão que enfrentamos e carregamos ao longo desses sofridos noventa dias. E como foram sofridos! Não faltaram ameaças de todas as formas, pressões, demissões, tudo que já estávamos acostumados a ver em todos esses quatro anos de um dos piores mandatos que minha India já viu. Nossa liberdade veio na melhor hora possível, e não podia ter gosto mais doce do que essa vitória. Acabaram as intimidações, as ofensas pessoais, interpessoais e indiretas. Não vi um comentário maldoso ofendendo ninguém hoje. A ditadura que minha cidade enfrenta e que a fez parar no tempo por quatro anos está com os dias contados. Não tem explicação e nem palavras para descrever o que eu vivi hoje e como já disse Daniel Arantes: que futebol que nada, emoção mesmo é a política em Indiaporã. Ambos somos tetras ainda que o tri tenha sido tão podre que eu preferiria esquecer mas, não posso. Preciso me lembrar perfeitamente do nome e sobrenome que transformaram o nosso paço municipal em um trono de ferro com mãos de aço onde cargos rolavam a torto e direita na cara mais lavada do mundo. E era Ele que mandava mesmo, e ainda com todas as pesquisas e votos comprados, com a prefeitura e o hospital nas mãos e todas as ameaças não conseguiu nos calar. E nunca conseguiria. Ele não se elegeu nem na eleição passada onde nós carregamos nas costas com a cara a tapa e o elegemos. A mesma mão que dá também tira. É Ilustríssimo Sr. Prefeito, acabou. Chega de mamar no dinheiro público, revender itens de licitação e de tentar controlar todo o seu leque de funcionários. Chega de colocar incapacitados para cargos importantes e sair falando que fez coisas que não existem. Chega de usar carro e cozinha do município para interesses pessoais. A voz da maioria é a que grita para o povo e pelo povo e disso não podem discordar. Foram 71 votos a mais, apenas. Menos que uma centena. Mas valeu tanto quanto 700. Valeu por todos os gritos engasgados e os abraços que eu recebi de pessoas que nem conheço. Valeu pela cena maravilhosa que presenciei daquela multidão comemorando. Não fui eu quem ganhou, foi a minha cidade. E eu não poderia estar mais orgulhosa. Sanguessugas desonrados que perderam horas e horas de seus dias criando polêmica e insultando a torto e direita. O palanque ficou montando desde quinta feira e disseram que era pra vitória, que já estava certa a um mês atrás. As mesas e cadeiras já estavam sendo colocadas as quatro da tarde mas infelizmente o tiro saiu pela culatra. Eu não posso fazer muito além de lamentar, oferecer meu ombro amigo e convidar a todos pra festa da vitória pois, ao contrário de vocês nós não carregamos mágoas, e vai ter boi no rolete pra todo mundo. Liberdade, liberdade! Abra as azas sobre nós! Aos que ainda insistem, sem uma milésima gota de dignidade, defender o grande sr. atual prefeito, meus pêsames por terem sido e estarem sendo enganados pelas mágicas manipuladoras dessa nuvem negra que cobriu nossa cidade. Sumiram todos, evaporaram. De boi mesmo eu só vi o couro, sendo velado em frente ao palanque.