terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Veja Cabocla



Lembra e sorri, enquanto as coisas são fáceis e simples.
Lembra e se acalma, porque vocês não se pertenciam e tudo era vasto, e ilimitado.
Sorri e vive como se tudo na vida fosse leve, e nada mais importasse a não ser vocês, ali, sorrindo.
Lembra e cantarola como alguém que já cumpriu suas tarefas e está de folga.
Assovia como quem não espera muito além da felicidade.
Desconhece que a história continua e evolui.
Passam a se pertencer, e a se consumir.
Ignoram a dependência que se causarão cedo ou tarde.
Faz de conta que nunca ouviste falar da dor que vocês irão sucumbir, e, como juntos vão se levantar e fingir que nada aconteceu.
Se arrastando, apoiando um no outro, enquanto só o sangue vai traçando seus passos, já ensaiados.
Sabia o caminho de ida, não adianta de nada ignorar o de volta.
Hora ou outra um dos dois parariam, ou quem sabe os dois desistam, juntos.
Eu sinceramente não sei quem atira primeiro, mas tanto eu quanto você, já ouvimos o estalo do gatilho.
A vida têm sim um roteiro, mas ele vive encharcado por drama.
Em felicidade frágil e rasa não se mergulha, cabocla.
Se inicia uma prosa, saiba bem quais histórias contar.