segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Sertralina

Mais uma vez voltei, no mesmo lugar, parada, sem reação. Prometi que nunca mais seria assim, jurei, tudo em vão. O chão novamente em cima de mim, e até o ar parece me abandonar. Tudo vazio e escuro, tenho medo. Eu não quero muito, apenas alguém que segure a minha mão. Todo mundo ouve, e ninguém me escuta na verdade. Eu quero algo além de gritar, quero que alguém me socorra. Não tenho chão e não me ensinaram a flutuar. As coisas acontecem sem que eu possa ter controle. Sozinha de novo, palavras não me deixem. As vozes estão todas aqui, ecoando sem fim. Em pé num desfiladeiro infinito,  e frio. Eu não queria nada de volta, achei que tinha deixado tudo para trás, mas de novo me enganei. Vivo de erros, me enganando sempre. Não queria elas de volta mas estão todas aqui. Os médicos e os amigos te dizendo para que não fique assim, como se isso bastasse. Não é legal, eu sei que não, mas é mais forte que eu e mais uma vez eu fui fraca. Não posso ficar sozinha, solitária sou mais frágil que um recém-nascido, começando a vida do zero. Fui fraca e as vozes voltaram. Pedi pra eles saírem. Por favor Fredie, tire eles daqui. Chega, não quero de volta. Cinco anos atrás eu cai no mesmo buraco e não vou voltar. Escrever sorrateiramente como quem chora em silêncio para não se deixar morrer. Não estou louca, só não quero sair daqui enquanto Pandora não vier cantar pra mim. Afinal tudo estará bem enquanto você tiver uma cartela de remédios controlados ao seu alcance.