E se a saudade fosse pouco acho que mesmo assim não caberia. É imensa na
sua menor miniatura. Está presente todo o tempo, não passa, não cessa. Cada
adeus que sai da boca é tão dolorido quanto o anterior. É meio que diferente
mas soa totalmente igual. De lá, vai sentir saudade de cá, e consequentemente
quando estiver de cá, vai querer voltar correndo pra lá. A distância não tem
muita utilidade mesmo além de manter-nos longe de coisas que em geral queríamos
ao nosso lado. E com o passar do tempo os lugares só aumentam e as pessoas
multiplicam. Você começa a tentar se dividir, estar por toda parte o tempo
todo. Desejando ser um pássaro, para ser verdadeiramente livre, longe de
qualquer parede que possa segurá-lo.
Quero as lembranças das farras na adolescência junto com as piadas sobre a ultima festa. Quero meu presente, passado e futuro, de
mãos dadas, bem na minha frente, onde eu pelo menos ache possível controlá-lo.
Quem dera eu me livrar da saudade, pra sempre. Não por ela não mais existir e
sim por não dar tempo de que chegasse. Queria um lugar onde a distância não
interferisse e que não dependesse dela para ver ninguém que gostasse. Um
lugar onde tudo fosse tão pertinho que eu poderia alcançar com o próprio
coração, deixando bem do ladinho do peito. Se bem que uma dosesinha de saudade
de vez em quando não vai matar ninguém não é mesmo? Eu ainda acho que na
verdade a saudade seja o tempero da vida, que faz as coisas valerem a pena e te
mostra quem realmente se preocupa com você. Quero meus amigos de infância, e os
novos, e os de passagem, e os velhos e todos. Quero minha casa paulista, a
mineira, as que já passei e as que ainda vou morar. Sem espaços, só abraços.