quinta-feira, 31 de maio de 2012

À sombra

O sono chega mas não tenho vontade alguma de dormir. Algo meio perdido entre o ter que acordar amanhã e o caminho até a cama que se tornou extremamente perigoso pelo simples fato de estar sozinha. As coisas patinam no mesmo lugar e a única coisa que parece mudar é a cartela de antidepressivos que sempre diminui. São poucas horas de entretenimento, fazendo planos de todos os minutos do dia para que não haja o risco de ficar sozinha nem de mim mesma. Vontade de gritar tão alto até que a garganta exploda ou que seus tímpanos sangrem. Os unicórnios se enforcaram com grandes laços de flores. As cobranças são o triplo do tempo que tenho e os problemas só servem para piorar. As vezes eu queria só virar as costas e sair, sumir, fugir, ser outra pessoa em outro lugar distante. Onde eu não precisasse pensar tanto para sorrir e criar toda uma história em minha cabeça. E quando tudo parece escuro e se torna mais fundo ainda. Então você tinha um milhão de amigos e sempre foram os melhores do mundo e então quando você precisou eles desapareceram. Você passa horas tentando descobrir aonde eles foram ou porque saíram mas então concluí que talvez eles nem se quer estiveram por aqui. Na verdade foram só um monte de ursinhos de pelúcia que alguém espalhou para parecer que eu estou segura mas na verdade eu nunca estive. Braços negros e dedos pontiagudos me abraçam o tempo todo quando na verdade eu só queria um abraço de uma pessoa, assim normal, calmo sem pressa, sem medida ou lugar, que apenas me faça acreditar que não estou completamente perdida ou que pelo menos eu posso encontrar o caminho de volta. Coisas complicadas demais, complicadas pra falar, escrever e pra entender. Coisas que só o travesseiro molhado depois de horas e o sono forçado são capazes de ilustrar.