domingo, 11 de novembro de 2012

Despertar

Era bem mais feliz do que imaginava. Já era de décadas que chorava uma tristeza sem fim. Parou finalmente ao espelho e só então respirou. Já se passava tanto tempo que corria, acabou por perder o sentido do tempo. Agora, as paredes desapareceram. Ao seu redor, relva molhada com aroma de alegria. Doce textura e paz era enviada direto para  o peito. Não se pode decifrar exatamente o que foi que se passou naquela tarde chuvosa de primavera. O tempo podia estar cinza, mas era de uma luz incandescente. As gotas de chuva soavam agora como melodia e apenas não percebera o que aconteceu. Foi tanto tempo fugindo que havia se esquecido de como era olhar pra trás. Não teve muito tempo para perceber e observar a mudança. Tudo foi tão instantâneo, impulsivo, incontrolável. Levou-a sem que pudesse pensar o que estava acontecendo. Era amigável, amoroso, incrivelmente atencioso. Acabara de cumprimentá-la mesmo que estivesse chovendo e isso lhe custasse algumas gotas a mais em seu paletó. Sorria como alguém que vivesse disso. Vivesse apenas e exclusivamente para sorrir e despertar nas pessoas a sede pela felicidade. Cerca de cinco minutos depois que percebia a cena em questão. Os dois, parados a porta ainda sem entrar; Trocando olhares como se todos seus problemas haviam sido solucionados. "Mas que bela donzela esta, no peitoril da porta ainda esperando por uma atenção. Talvez nem fosse rabugenta mas inspirava frieza a quarteirões". Jasper nunca avia a visto pela cidade, sem dúvidas havia viajado por meses. Ele que nunca foi de reparar, sorriu-se com o estalo que ela fizera em sua mente. Ela que nunca foi de acreditar, surpreendeu-se em como aquele singelo sorriso a cativava. E ainda ficaram parados ali por mais alguns minutos. Ele gritava para si mesmo que a convidasse para um café. Ela pensava em como poderia ser as coisas de agora em diante. Então algo os puxou de volta a realidade: um senhor pedia licença. Ele cedeu, ela aceitou. Daquele momento em diante não ouve eu. O frio acabou, solidão se extinguiu. Estava completa como sempre sonhara, já ele, feliz como quem ouve uma sinfonia. Foi ali que o sopro de vida chegou aos seus corpos, daquele exato momento em diante, pra sempre.