domingo, 18 de agosto de 2013

As coisas que Picasso não ouviu

Poucos sabem sobre as poucas coisas que eu direi a seguir, mas é justamente por isso que as escrevo. Escrevo essas linhas tortas perdidas num tempo espaço irracional, apenas para expressar o pouco que a arte me deu de vida. Fica fácil entender a minha personalidade quando se chega em um conhecimento como este. Mãe, padrão totalmente decisivo para tudo que veio a suceder. Agradeço, e muito até por tudo que ela me proporcionou, aos livros que me mandou ler, aos filmes que disse para assistir e acima de tudo pelo caminho que me trouxe. Professora de Arte, não poderia fazer muito diferente. Agradeço-lhe primordialmente a todos os cadernos de desenho, aquarelas e lápis de cor que você me deu. Agradeço por ter me ensinado a escrever meu nome antes mesmo de entrar para o primário e por tudo que me ensinou. Agradeço por não se estressar ao me ver, tarde da noite, apoiada no parapeito da porta, olhando você preparar suas aulas e por ter perdido tanto tempo me contando suas histórias. Nunca soube se esse caminho sempre foi seu sonho ou se ela que veio a te escolher mas sei que maneira ou outra fizestes que fosse o meu. Obrigada por todos os joguinhos sobre desenho e por ter me incentivado tanto nesse caminho perfeito. Onde eu estaria se não tivesse visto Pietá pela primeira vez com cinco anos de idade e sem medo do trauma da estátua da mãe segurando o filho morto, onde minha mãe gastou saliva me contando tudo sobre aquela obra. O que teria feito sem as aulas de pintura a óleo que foram minha paixão por tanto tempo. Os incentivos em cada casinha que eu desenhava. E o que eu diria da obra sobre o sertão, pintada em tintas doadas e naquela tela feita a mão que eu tanto disse que não terminaria e hoje está exposta em algum dos corredores do Palácio dos Bandeirantes? Sei que o tempo sempre foi pouco, e que nunca voltará, mas das tantas coisas que poderia ter feito pra mim, fizeste a melhor. Me ensinou a ver o lado bom da vida e toda a sua beleza sintetizada através das cores. Me informou que o cinema era a sétima e foi por isso que por anos eu não conseguia gostar de comédias. Desculpe por ter detonado seu corredor com aquela canetinha azul inocentemente "desenhando uma historinha nova" e obrigada mais uma vez por tudo que você tenha feito por mim. Um dia você me disse que tudo o que fosse mais bonito no mundo era a arte, que arte era a vida e hoje eu digo: pra mim, é você.
FELIZ ANIVERSÁRIO MOM!