segunda-feira, 11 de março de 2013

O que eu penso sobre política

Quando eu era criança me disseram que não se discutia sobre política. Mas, infelizmente, tudo que fosse proibido soaria melhor que todo o resto, sempre foi assim. Perguntei o motivo e me informaram que era pra não deixar as pessoas chateadas ou com raiva. No dia seguinte me elegi representante de sala da minha terceira série do ensino fundamental. No almoço de família, quando contei a todos a novidade me parabenizaram e me perguntaram o porque eu optei por me prontificar a um cargo desses, respondi apenas que me disseram que não se fala de política então eu queria ser parte dela. Anos se passaram até que eu entendesse que realmente sou parte dela. Tirei meu título eleitoral no dia seguinte ao meu aniversário de 16 anos. Votei na primeira eleição que pude, conselheiro tutelar do meu pequeno município. O tempo correu como deveria e novamente eu vi a necessidade bater a minha porta. Novamente, representante de sala não só no primeiro ano do ensino médio como nos outros dois consecutivos. Nesse meio tempo veio uma eleição para presidente do país, a mais esperada. Analisei cada um dos candidatos, li o plano de governo e votei na Marina que não conseguiu disputar o segundo turno. Não fiquei chateada, muito menos magoada, parei e pensei nas opções possíveis e votei. Só não comprei brigas feias durante o período de eleições municipais porque meus pais pediram para que não o fizesse. Comecei a faculdade, e no segundo ano fui eleita representante de sala, novamente. Não fiz grandes coisas mas fiz tudo o que me foi possível e ainda estou correndo atrás de várias coisas apesar do meu tempo ter tecnicamente acabado. Fiz tudo o que eu achava que era necessário, ouvi as reclamações de cada parte, ouvi os elogios. Parei para prestar atenção no que as opções me ofereciam e consegui escolher o melhor dentre o que eu acreditava ser certo, sem opiniões nem mesmo da minha família, que me criou da melhor maneira política possível. Mas nada do que eu tenha presenciado ou visto por toda a vida havia se encaixado como eu sentia que deveria se encaixar. Eu nunca me tornei uma fanática que estuda toda a política do seu país e passa a vivenciá-la como se fosse um ministro. Eu apenas queria estar onde me coubesse e fazer tudo o que pudesse para os que me elegeram pois política para mim era isso, sem muitas togas e porcentagens de votos. E então, finalmente, depois de todo esse tempo eu vi a resposta a minha pergunta, feita a doze anos atrás. Porque não se fala sobre política? Porque o quanto menos se fala sobre algo, menos ele é difundido e menores são as chances dele chegar a o máximo de pessoas possíveis. Porque quando optamos por não falar de política impedimos que mais pessoas no país saibam porque pessoas como o Renan Calheiros são tão odiadas. Porque quando não falamos de política as pessoas param de entender o verdadeiro porquê das coisas, suas razões e funcionalidades. Porque quando deixamos de falar de política é mais fácil lotar o plenário de pessoas mais espertas que resolveram falar de política onde ninguém mais quis. Porque assim é mais fácil encher a cueca de dinheiro de gente que prefere não falar sobre isso. Mais tranquilo eleger as pessoas menos adeptas ao cargo estabelecido e caso a mídia venha a mostrar isso pro povo, se torna mais fácil fazer com que a reação deles sejam apenas petições on-line, reclamações no twitter e compartilhamentos do facebook. Informação plantada, alienação, manipulação, cultura. Chamem pelo que optarem em qualquer parte do mundo. A verdade é que, só não se fala sobre política caso você não se importe nem com você nem com qualquer pessoa que esteja a sua volta.