quinta-feira, 21 de março de 2013

Pingo

Faz dias que chove. Chove o tempo todo. O dia permanece cinza, sem querer nos dar muita esperança. Acredito que o sol tenha tirado umas férias por ter trabalhado por todo o verão. O outono trouxe umas nuvens cinzas e tristonhas, que choram todo dia, e chove. O clima está agradável, chegou pedindo chocolate quente, cafuné, cobertores e filme. Pede companhia, abraço e aconchego. Poucos podem ter mas ele ainda pede. Nada que um cobertor extra não resolva mas a falta é maior que a chuva. Falta a muito tempo, bem antes de começar a chover. Falta desde quando quem chorava era eu e não as nuvens. Faltou quando eu achei que tinha encontrado e depois percebi que perdi. Não estava quando eu pensei que estava por perto mas corria a milhas daqui. Faltou ontem, hoje e irá faltar amanhã. Esteve longe quando eu precisava junto. Distancia ensurdecedora gritando em minha vida. Não faz sentido algum e não quero que o faça. Não foi verdadeiro enquanto jurava e não foi pra valer em momento algum. O abraço não veio quando me senti só, o conforto era o próprio desconforto. Não há outras escolhas a serem feitas, o tempo já passou e os caminhos já estão molhados. Continuo caminhando, mesmo que sozinha a procura do meu arco-íris. Porque nada é pra sempre e uma hora essa chuva vai passar. A instabilidade na vaga existência do não ser. Preferiu estar lá do que aqui, talvez por lá esteja sol. Não há o que completar. O jeito é sentar e esperar a chuva passar.