quarta-feira, 20 de abril de 2016

Ela que era tanto, se fez pouco


Carolina sabia que ali não era seu lugar mas, apesar de todos os avisos resolveu ficar. Sempre se sentiu xadrez onde todo mundo dizia ser listrado. Na verdade se esforçou tanto para ser listrado que se enganou. Ela que sempre foi tanto se fez caber em tão pouco. Aceitou. Esqueceu tudo o que queria, sonhou e idealizou. "E não é assim que a vida é feita?"
Aceitou o pacote de felicidade básico, sabendo que merecia mais. Comprou a "verdade" das propagandas de margarinas, sorria todos os dias sem exaltar. E ela, quem se tornara?

Se diminuiu pra caber em um, ela que sempre foi mais. Amoleceu, cedeu, fez tudo que podia. Sim, aceitou a tolice como carro chefe. "E não é isso que todos procuram? Open bar de tolice?". 

E chegou o dia que o livro acabou, e a história também. O príncipe fugiu e ela, quem era ela mesmo?
Nem Carolina sabia mais, algumas pessoas a chamavam de Lina, e ela nunca entendeu o porquê. 


Se prendeu em espaços pequenos, convenceu-se de que estava feliz enquanto um mundo todo esperava por ela.
Deixou de ir, de conversar, de beber. Deixou partes de quem ela sempre foi pelo caminho para se tornar algo que fosse perfeito pra ele mas, de que importa mesmo? 

Somos um. Ser e indivíduo individual. Único. Como deixar de ser você parar ser outro? 
O preço que se paga por isso é grande. Uma hora o outro vai e você? o que sobrou? 
Nada além de areia ao vento.
Espero que Carolina goste de castelos de areia.