terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Medidas

Por um milésimo de segundos sentiu seu olho gelar e percebeu que dois milímetros cúbicos a mais e ela se derramaria aos prantos. Parou e deu meia volta, já se fazem anos que ela não volta por ali. Tinha decidido se proibir de chorar depois que aprendeu a sorrir. Realizou as somatórias e percebeu que era mais proveitoso que se enchesse de alegrias. Já tinha acumulado alguns meses que não chorava. Provou o gosto de ser alguém e ter alguém e a partir daí resolveu que era uma pessoa feliz. Sabia exatamente como era sentir a felicidade esquentar todo o corpo e repuxar as bochechas. Sabia o que era ter os olhos pequenos e mais brilhantes que uma estrela. Gostava de tudo aquilo, a vida finalmente era prazerosa o suficiente para você se viciar nela. Aquele momento que você deixa que os ventos te levem para onde for melhor, pra onde for. Decidiu que não precisava de mais nada. Era ela, ele e seu universo cheio de poréns. Ninguém deveria se importar mais do que eles, nada deve importar mais que ele. Algumas soluções são mais simples do que os problemas que as pedem. Ela tomou medida do seu coração e percebeu que caberia os dois. Não há muito o que fazer quando os números não metem.