sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Opostos

Alguns extremos surpreendem mais que os outros. Eu por exemplo sou um deles. Sou o completo exemplo de bipolaridade e hipocrisia unidas. Os que me conhecem, sabem sobre os extremos que vos conto. Semana passada eu gostava de cozinhar, hoje resolvi lutar com a fome por preguiça de ir a cozinha. Não, não é tudo superficial assim afinal, extrema que sou também tenho minhas profundezas. Sei que hoje aparento, e talvez eu realmente seja, uma pessoa verdadeiramente feliz. Aproveito esse trecho pra voltar a minha inconstância e me assegurar no fato de que a definição de felicidade depende de quem interpreta. Alguns podem até dizer que eu sorrio atoa, e que pouca coisa me abala mas, a verdade é que tantas coisas me abalam ao mesmo tempo que eu não consigo reagir a nenhuma delas. Eu só absorvo e evaporo, tal como uma planta que você pode cultivar no seu jardim ou observar no parque. Gostaria de ressaltar também que pouco tenho a me explicar por aqui. Todas essas letras não são muito além da minha confusão particular, expressadas em linhas de escrita regular. Não tenho remetente a quem endereçar, e pouco posso querer enviar a alguém. Eu que hoje sorrio para as pessoas na rua, não é por felicidade comum encontrada na superfície. Desvendei cavernas à procura dela. Passei por lugares tão escuros que dificilmente alguma coisa seria capaz de iluminar. Ninguém sabe ao certo o motivo, ou se pelo menos existe algum, mas a verdade é que instável que sou eu talvez tenha decidido apenas olhar para trás. E em cinco minutos um sopro de vida roeu-me a alma, e eu decidi que ia voltar. Repentinamente tal como todo o restante da minha vida e de tudo que faço, em um momento sou, no outro eu nem existo. Calada alma vazia que pouco sabe onde quer ficar. Ter a certeza de algo talvez seja uma das coisas que mais nos torna humanos. Sentir a verdade se concretizar em suas veias. Sim, eu conheço a sensação mas, instável como sou aproveitei dela por milésimos de segundos antes de abandoná-la.